Bolha de Crédito? O Aumento do crédito e do endividamento das famílias no Brasil.

Thiago Flores 

Ao longo dos últimos anos a economia brasileira tem experimentado forte crescimento do crédito. O volume de crédito do Sistema Financeiro Nacional passou de R$ 417,8 bilhões em janeiro de 2004 para R$ 1,71 trilhão em janeiro de 2011. Com isso, a relação crédito bancário/PIB passou de 24,3% para 46,5% no mesmo período. Grande parte desse crescimento foi impulsionada pelo comportamento da carteira de pessoa física, que no início de 2004 representava apenas 38% do crédito total e hoje já atinge 45,9% do estoque, ou o equivalente a R$ 787,1 bilhões.

Observando o forte crescimento do crédito à pessoa física, algumas questões se tornam extremamente pertinentes: i) quais as razões para esse fenômeno? ii) quais foram as linhas de crédito que possibilitaram tal desenvolvimento? e, principalmente, iii) qual foi o impacto na renda do consumidor – comprometimento – e no nível de endividamento da população? Esse texto abordará de forma mais específica a questão do endividamento das famílias e, para tanto, dividiremos a análise em dois tópicos: i) a sustentabilidade do endividamento e ii) a capacidade do sistema financeiro de suportar  possíveis choques.

I) A sustentabilidade do endividamento

O crescimento do crédito observado desde 2004, apesar de expressivo, não foi suficiente para exaurir o mercado potencial de crédito brasileiro, a julgar pela comparação internacional da relação crédito/PIB. Como se pode observar no gráfico a seguir, dentre a lista de países selecionados, o Brasil ainda figura entre os países com menor relação crédito/PIB do mundo. O fato de o Brasil apresentar ainda uma reduzida relação crédito bancário/PIB é o principal fator que nos faz crer que não esteja em curso no País uma bolha de crédito – aqui definida como um aumento do crédito sem contrapartida nos fundamentos econômicos e que, caso viesse a estourar, causaria uma severa onda de inadimplência, colocando o crescimento econômico e a estabilidade financeira sob risco.

Algumas análises atribuem essa baixa relação crédito/PIB no Brasil à modesta participação do crédito habitacional (pessoa física) na economia – que, de fato equivale a apenas 4% do PIB. Assim, alegar que o crédito bancário/PIB é de “apenas” 46,5% no Brasil não serviria como argumento para afastar o risco de uma bolha de crédito ao consumo, para essas análises, uma vez que o  crédito não hipotecário seria “exagerado” em relação ao PIB. Nossa leitura, entretanto, diverge substancialmente deste ponto, uma vez que quando controlado apenas para o crédito ao consumo, como se observa no gráfico a seguir, esse volume não chega a ser incompatível com aquele observado em outros países, mesmo quando se controla pelo nível de renda per capita desses países.

O desempenho observado no crédito à pessoa física no Brasil está diretamente relacionado a fatores macroeconômicos, tais como: a) a estabilidade e a previsibilidade econômica, que ampliaram os prazos de financiamento; b) a redução na taxa de juros e spreads bancários, que resultaram em menores taxas ao consumidor; c) a expansão do mercado de trabalho, com queda na taxa de desemprego, aumento da formalização e da renda, que contribuíram para a elevação da confiança do consumidor e incrementaram sua capacidade de pagamento e d) mobilidade social, que ampliou a bancarização de forma substancial nos últimos anos.

Os primeiros dois fatores apontados acima implicaram a redução da renda requerida para o financiamento. O terceiro item proporcionou um aumento do “denominador” da equação, ao aumentar o nível de renda, e, portanto, a capacidade de pagamento, além de permitir a maior “alavancagem” das famílias brasileiras diante de perspectivas mais estáveis de emprego e renda. Portanto, a conjunção desses elementos tornou possível elevar o número de potenciais tomadores de crédito no mercado, principalmente em relação às modalidades ligadas ao consumo.

Um fato marcante da evolução do crédito ao consumo no Brasil é que a expansão se deu especialmente nas chamadas modalidades “saudáveis”, ou seja, aquelas atreladas ao consumo de bens ou ao crédito habitacional, em detrimento das modalidades ligadas ao “endividamento2” (rolagem de dívida). Como se pode observar no gráfico anterior, a evolução das modalidades relacionadas ao refinanciamento (que sugerem elevação do risco de crédito), como o cheque especial e o cartão de crédito – composto basicamente pelo crédito rotativo– apresentaram um comportamento extremamente benigno no período, dado que ambas as modalidades perderam participação no crédito à pessoa física.

Contudo, mesmo que a expansão do crédito à pessoa física esteja ocorrendo através de modalidades saudáveis, é relevante destacar que o estoque de crédito aumentou e consequentemente, a dívida a vencer das famílias também. Logo, acompanhar a trajetória do endividamento e do comprometimento de renda dos consumidores é crucial não apenas para mensurar o risco de crédito, mas também para verificar o potencial de consumo das famílias e o seu impacto no crescimento econômico. Vale ressaltar que não podemos subestimar os reflexos do crédito sobre o consumo das famílias, pois cerca de 60% do PIB brasileiro é proveniente deste item.

Em teoria, o acompanhamento dessas informações poderia ser trivial, já que seria necessário apenas o monitoramento da razão da dívida financeira e da renda. Contudo, a obtenção dessas informações não é simples, tanto que não existem indicadores oficiais com periodicidade fixa. Para suprir essa lacuna, em setembro de 2008 o Banco Central do Brasil propôs em seu Relatório de Inflação um exercício para estimar o endividamento e o comprometimento das famílias brasileiras. Desde então, a instituição tem aprimorado a mensuração desses indicadores, sendo que na última divulgação, em setembro de 2010, introduziu o conceito de renda disponível, excluindo os recolhimentos referentes ao imposto de renda e às contribuições previdenciárias.

Os indicadores construídos pelo Banco Central capturam de forma agregada o avanço do crédito em relação à renda: o endividamento expressa a relação da dívida total sobre a renda anual, e o comprometimento, por sua vez, se refere ao percentual mensal da renda que é alocado no pagamento de prestações de empréstimos e financiamentos.

Como o Banco Central não divulga tais indicadores sistematicamente, buscamos replicá-los para fazermos um acompanhamento mensal. Utilizando a metodologia descrita pelo trabalho do Banco Central, conseguimos obter séries muito semelhantes às dele, em especial em relação às suas trajetórias. Vale lembrar que essas séries se baseiam em variáveis agregadas e constituem proxies para conceitos de endividamento e comprometimento. Além disso, mais relevante do que o nível dos indicadores, a sua tendência é o que traz a principal mensagem.

A evolução observada no endividamento é resultado do forte crescimento da carteira de crédito ao longo dos últimos anos, superior ao da renda. Contudo, apenas esse aumento não nos diz muito, pois, de forma mais prática, gostaríamos de saber se chegamos ao limite do endividamento “saudável” da população. Estudos apontam que em economias desenvolvidas o endividamento da população tende a ultrapassar 100% da renda anual. O gráfico a seguir traz uma relação de alguns países selecionados e seus respectivos níveis de endividamento. Como no Brasil esse percentual é relativamente baixo, ainda temos bastante espaço para expandir o endividamento à medida que a renda per capita siga evoluindo. O Brasil, nessa comparação internacional, não exibe qualquer traço de excesso de endividamento se comparado à sua renda.

A tendência esperada para os próximos anos é de continuidade da trajetória ascendente do endividamento. É importante destacar que o termo endividamento não está relacionado à incapacidade de pagamento, ou seja, não possui qualquer conotação pejorativa; refere-se apenas à presença de crédito, empréstimo e financiamento na economia. Fatores como a continuidade do cenário macroeconômico benigno, com redução na taxa de juros, mobilidade social e bancarização serão responsáveis pelo aumento no estoque de crédito e, consequentemente, do endividamento. Vale reforçar que a perspectiva de crescimento expressivo do crédito habitacional, que atualmente responde por apenas aproximadamente 20% do crédito à pessoa física, tende a incrementar o endividamento devido ao maior valor agregado.

Outro ponto importante a ser investigado em relação ao endividamento se refere aos fatores que explicam a sua elevação, ou seja, se o crescimento observado foi explicado principalmente pelo incremento de novos consumidores (bancarização) ou se houve aumento apenas no valor financiado. A resposta desse questionamento é relevante tanto para mensurar o risco de crédito (concentração dos tomadores) como para verificar a eficiência da política monetária através do canal creditício. Infelizmente, faltam informações para estimar tais contribuições de maneira precisa. Contudo, é possível assumir, de forma indireta, que em grande medida a expansão observada no endividamento está ligada ao ingresso de novos indivíduos no mercado bancário, haja vista a evolução do número de contas correntes, como visto no gráfico a seguir.

Entretanto, analisar apenas o comportamento do endividamento não é suficiente para construir um diagnóstico preciso do impacto do crédito no crescimento econômico ou no desempenho do sistema financeiro. Para tanto, é preciso entender os movimentos do comprometimento de renda. Conforme mencionado anteriormente, ele se refere à relação do tamanho do fluxo de pagamento mensal de prestações de crédito com a renda mensal. No Brasil, existe um consenso de que o patamar “máximo saudável” de comprometimento com empréstimos e financiamentos é de 30% da renda.

Importante observar que no exercício realizado para mensurar o patamar desse indicador na economia brasileira, o resultado encontrado é inferior ao nível máximo considerado (30%). Entretanto, não podemos esquecer que este indicador é apenas uma proxy e não um resultado preciso, pois se baseia em variáveis macroeconômicas agregadas, não individuais. Vale destacar que a trajetória do indicador de comprometimento de renda apresentou uma elevação muito pequena ao longo dos últimos anos, se comparada ao crescimento robusto da carteira de crédito. Esse comportamento, que no primeiro instante parece contraituitivo, é explicado pela realocação do crédito para modalidades mais baratas e mais longas no prazo e pelo forte crescimento da renda. Portanto, por mais que o crédito total tenha se expandido a taxas elevadas, esse crescimento não exerceu grande peso sobre a dívida a ser paga a cada mês pelo consumidor.

Os motivos de aceleração do crédito à pessoa física e a pequena elevação observada no indicador de comprometimento de renda (se comparamos com a expansão do estoque total) não sugerem preocupações em relação a alterações no consumo das famílias ou no risco de crédito, como a presença de bolhas de crédito. O próximo gráfico mostra a relação entre a evolução do comprometimento de renda e os atrasos acima de 90 dias. Podemos observar que, no curto prazo, enquanto o comprometimento de renda mostrou apenas uma pequena elevação, a inadimplência de pessoa física arrefeceu de forma expressiva, em virtude principalmente do ambiente favorável no mercado de trabalho – ainda que uma parte da redução se deva ao aumento do estoque de crédito. Tal fato, como outros já citados, ameniza a preocupação de uma bolha no mercado de crédito local.

Todos esses pontos podem não parecer suficientes para alguns analistas que enxergam no atual nível de endividamento, um risco de bolha de crédito. Antes de qualquer análise, parece óbvio reconhecer que a economia brasileira não está isenta de choques que elevem a inadimplência. Em outras palavras, momentos de forte desaceleração econômica certamente serão seguidos de aumento da inadimplência, mas isso não caracteriza, nem de longe, uma bolha de crédito. Logo, se o argumento do nível do comprometimento de renda não é, em si, suficiente para convencer as análises mais céticas, seguem um conjunto de características do mercado bancário brasileiro que tornam o risco de bolha muito reduzido:

i)  O estoque de crédito livre de pessoa física é muito insensível a mudanças nas taxas de juros – causa principal da maior parte dos estouros de bolha no mundo: 97% das operações à pessoa física no Brasil são prefixadas e, portanto, o nível do comprometimento de renda não é afetado com uma eventual elevação nos juros. Apenas as novas concessões são afetadas, mas a elevação dos juros em si é um limitador do apetite por crédito neste caso.

ii)  Apesar do aumento, o prazo médio da carteira de pessoa física ainda é baixo, 559 dias corridos. Dessa maneira, o estoque de crédito da economia não compromete de forma relevante o fluxo futuro de renda das famílias. Faz toda a diferença se os consumidores de um país têm sua renda comprometida, em 10% por exemplo, por 10, 20 anos por conta das dívidas imobiliárias ou se os consumidores comprometem 22% da renda em menos de 2 anos. Isso significa que em um eventual choque, as conseqüências seriam reduzidas, pois o fluxo futuro de renda estará comprometido por um período bastante curto.

iii)  O crédito ao consumidor no Brasil (e em grande parte para as empresas esse raciocínio também é válido) é primordialmente doméstico e em moeda local. Logo, problemas de liquidez global não afetam o funding local em grande medida e, eventuais depreciações cambiais causadas por incertezas externas em nada afetam o comprometimento de renda das famílias – fato bastante diferente do ocorrido no estouro da bolha de crédito de diversos países do leste europeu.

Muitos analistas consideram preocupante um comprometimento de renda da ordem de 22% (proxy do exercício do Banco Central) na economia brasileira ao analisarem a necessidade de outros gastos não associados ao crédito, como o consumo de alimentos, aluguéis, transportes, etc. Em nossa visão, o que torna essa preocupação exagerada vem da evidência de que os brasileiros conviveram nos últimos anos com esse nível de comprometimento de renda e não deixaram, ao mesmo tempo, de consumir bens e serviços (forte aumento das vendas no varejo e no PIB de serviços) que, inclusive aumentaram de preço acima da renda em alguns casos (serviços). Tudo isso em um contexto de redução da inadimplência, o que se constitui em forte indício de que o nível  de comprometimento de renda da ordem de 22% não afeta o consumo dos outros bens nem o pagamento dos empréstimos junto aos bancos.

Olhando para o futuro, a redução esperada dos juros reais pode mais do que compensar um aumento da relação crédito bancário/PIB em termos de comprometimento da renda das famílias. Ou seja, em outras palavras, quando os juros caírem e a tomada de crédito pelas famílias aumentar, não ocorrerá necessariamente um aumento do comprometimento, justamente por conta da queda do principal componente da dívida, que é a taxa de juros. Provavelmente, se o Brasil for capaz de conviver com juros reais de 3% a 4% nos próximos anos, o comprometimento de renda das famílias se reduzirá, ao invés de aumentar, apesar do aumento do crédito/PIB, por que o principal item de peso no comprometimento é a taxa de juros. Como o estoque, apesar de pré-fixado, é curto, em pouco tempo o comprometimento agregado se reduzirá com a queda da taxa de juros, à medida que novos créditos sejam concedidos.

II) A capacidade do sistema financeiro de suportar possíveis choques

Para uma análise mais completa sobre o endividamento das famílias, é necessário observar não apenas o lado da demanda, como feito anteriormente, mas também o da oferta de crédito, ou seja, do sistema financeiro nacional. Afinal, a ocorrência de um estouro na bolha que cause consequências dramáticas para a economia depende do grau de solidez do sistema financeiro. Logo, é fundamental observar tais características. A literatura internacional sinaliza alguns pontos de atenção para se identificar a presença de bolhas de crédito.  Utilizaremos alguns desses indicadores para verificar a saúde do sistema financeiro brasileiro:

i) O sistema financeiro brasileiro é historicamente bastante líquido, inclusive em decorrência da entrada expressiva de recursos externos para o financiamento do crédito. No Brasil, entretanto, apenas 7% do passivo bancário está atrelado a recursos externos, ou seja, nesse quesito não temos diagnóstico de bolha.

ii) Uma forma de verificar a capacidade de absorver possíveis perdas é verificar a tendência das operações de crédito com ranting entre “E” e “H” em relação ao total provisionado pelas instituições financeiras4. No caso das instituições brasileiras, podemos observar no gráfico 11, que há cobertura suficiente para absorver possíveis choques.

iii) Outra maneira de verificar a solvência de uma instituição é monitorar a evolução do índice de Basileia. No caso do Sistema Financeiro brasileiro, temos um índice de Basileia mínimo requerido pelo Banco Central de 11%, percentual superior ao recomendado internacionalmente (8%), sendo que a média atual do sistema brasileiro (17,4%) é maior que o percentual requerido nacionalmente.

iv) A maior parte das operações de crédito do sistema financeiro está “dentro do balanço” e não em empresas criadas com o propósito de securitizar e distribuir os créditos. Logo, a qualidade da análise do crédito e das garantias tende a estar mais bem alinhada com os interesses dos acionistas e facilita a supervisão bancária por parte do regulador, no caso o Banco Central Brasileiro. A regulamentação bancária no Brasil é uma das mais rígidas e apropriadas do mundo e foi apontada como referência após a crise bancária de 2008.

Além desses indicadores, o Banco Central, em setembro de 2010, publicou o Relatório de Estabilidade Financeira, com um tópico especial sobre teste de estresse de capital bancário. O exercício teve como objetivo estimar o impacto de variações na taxa de juros e no câmbio sobre o patrimônio e a exigência de capital para as instituições financeiras, bem como estresse para risco de crédito, com variações incrementais no nível de inadimplência. Em todas as simulações, o resultado encontrado foi de um Índice de Basileia  dos bancos, ao final do choque, acima de 11%, evidenciando a capitalização do sistema. Vale ressaltar que no teste de estresse de risco de crédito, o sistema apresentaria algum desenquadramento se a inadimplência média superasse o máximo histórico, de 11,4%, patamar cerca do dobro do atual.

Assim, tanto pelo lado da demanda quanto pelo lado da oferta, não temos observado comportamento demasiado ou irresponsável. Os resultados encontrados não apontam para uma bolha de crédito e sim para o aumento do crédito na economia. Entretanto, essa conclusão não exclui a necessidade de monitoramento constante dos riscos de crédito inerentes a qualquer sistema financeiro. Logo, a tendência natural do risco de crédito de acompanhar os ciclos econômicos está mantida, ou seja, um cenário de arrefecimento econômico, com impactos negativos sobre o mercado de trabalho, certamente acarretará em deterioração na taxa de inadimplência, mas tal movimento não será amplificado por conta da existência de uma bolha de crédito não prevista na economia brasileira.

(*) Thiago Flores é Administrador – EAESP-FGV, Mestre em Economia de Negócios – EESP – FGV, Mestre em Finanças – IBMEC/INSPER –SP, Consultor de empresas e CFO à FF Consult ®
www.ffconsult.com
ffconsult@ffconsult.com
 

Você profissional ou estudante da área de Auditoria, Contabilidade, Tributação, mande-nos seu artigo para publicação e debate, através do e-mail portaldeauditoria@portaldeauditoria.com.br

Veja mais assuntos publicados sobre Auditoria Interna

Artigos publicados sobre Auditoria Interna

- Canal de Denúncia: ferramenta pode evitar perdas financeiras e danos à imagem da companhia
- 
O Papel da Auditoria Interna na Prevenção de Riscos.
- O que é a auditoria interna
- 
Como Auditar sua Logística Interna  
 

Cursos sobre Auditoria Interna

4ª Oficina Prática de Auditoria Interna - em São Paulo - SP